“Se caminhar é preciso, caminharemos unidos!”
O período junino é bastante comemorado em Palmares, nada que se compare com tanta alegria, entusiasmo e vibração nos encontros festivos. As pessoas se fantasiam de matutos, dançam muito forró e muita quadrilha, acendem fogueiras, soltam fogos e se deliciam com as comidas típicas da época, a maioria a base de milho.
As ruas ficam cheias de fogueiras, as famílias se reúnem ao redor, comem e bebem ao som das músicas de forró, às vezes o som se mistura com o do vizinho e fica uma zoada danada. As fogueiras expressam um verdadeiro louvor aos santos juninos, Santo Antonio, São João e São Pedro.
Agora entendemos porque a maioria das pessoas falava com grande tristeza que o ano passado não tiveram São João, devido a grande enchente do dia 18 de junho de 2010. Realmente as festas juninas é algo muito expressivo na vida deste povo, é algo que trás vigor para continuar a viver com dinamismo diante das dificuldades do dia a dia.
Nós participamos das festas com as famílias amigas e com a CPT, a festa dos grupos que acompanhamos.
Mesmo com as festas juninas nossa missão continuou, acompanhamos as famílias desabrigadas, 52 famílias abrigadas no Centro Social Urbano-CSU, receberam as casas dia 17, ficando 32 para receberem no mês de julho. Mas nova remessa de famílias que estavam abrigadas em escolas, desde a cheia de maio, foram relocadas para o CSU. Assim, o espaço continua cheio de famílias a espera de casas, outras estão alojadas no galpão do PET.
Colaboramos com as atividades de CPT nas áreas acompanhadas, onde temos que caminhar quatro quilômetros de lama, vamos de bota e quase ficamos atolada, puxa-se o pé e fica a bota, lama até o tornozelo. Outra região se sai de casa às 5 horas da manhã, tomamos três transportes para chegar até o engenho para a reunião.
Também, tivemos algumas reuniões com a AG. Ambiental, com Comissão de Economia Solidaria para realização de algumas atividades.
O que nos tem preocupado são a fome e miséria do povo causado pela monocultura da cana de açúcar. Mas a verdade é que aqui só se produz cana, fome e miséria. As famílias dos engenhos Viola e Barra do Dia, começaram a fazer plantações de outros cultivos, mandioca, milho, feijão, banana, depois de serem abandonadas pelos usineiros. Perguntamos-nos, como estão na terra e passam fome? As famílias não têm permissão de cultivar nada para si. Vivem num regime de escravidão.
Outra questão que nos preocupa é as famílias do Engenho Verde, onde vai ser construída a Barragem de Contenção, desde o inicio de abril, estão passando por esta angustia de deixarem seu chão, suas origens, sua história... e estão passando necessidade e fome, pois as atividades agrícolas parou, quem trabalhava de diarista, não tem mais trabalho. O pior é que ninguém do governo aparece para dar esclarecimento, apenas o pessoal de empresas responsáveis de fazer o cadastramento das famílias e o estudo dos impactos ambientais.
Assim, entre festas e lutas, desafios e esperanças continuamos a deslumbrar o sonho de uma vida digna para todos/as, onde os direitos sejam garantidos e respeitados.
Marisa do Amaral e Sandra Leoni
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