4ª MARCHA DAS MARGARIDAS

 O evento ocorreu em Brasília, nos dias 16 e 17 de agosto de 2011, reunindo cerca de 70 mil trabalhadoras rurais. A CPT do estado de Pernambuco enviou dois ônibus com mulheres para participarem deste grande ato e ação estratégica das mulheres trabalhadoras que buscam garantir visibilidade, reconhecimento e ampliação das conquistas no campo e na floresta.

A Marcha das Margaridas partiu da constatação de que a pobreza, desigualdade, opressão e violência predominam entre as trabalhadoras do campo e da floresta, e este ano teve como lema “Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”.

No primeiro dia fora realizada a acolhida das delegações de todas as regiões, saudação e lançamento da campanha contra os agrotóxicos. Em seguida, dois painéis simultâneos com os temas: 1) “Desenvolvimento Sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade com foco em biodiversidade e democratização dos recursos naturais: terra, água e agroecologia; soberania e segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho e renda”; 2) “Desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade com foco em saúde pública e direitos reprodutivos; educação não sexista, sexualidade e violência; democracia, poder e participação política. 

Logo após, houve a realização de sete oficinas com as temáticas relacionadas aos dois painéis, sendo um desdobramento e aprofundamento específicos dos temas.

Durante o dia todo, houve atividades e oficinas culturais com grupos das diversas regiões do país e à noite teve o show com Margareth Menezes e banda.

A principal atividade aconteceu no segundo dia, que foi a realização da marcha até a Esplanada dos Ministérios, onde se realizou um ato político, no qual foi apresentada a pauta de reivindicações, que foi encaminhada a diversos ministérios.

A mulherada começou a levantar às três horas da madrugada, mesmo com o frio, estavam animadas, organizando seus grupos, bandeiras, faixas, cartazes que expressavam suas reivindicações, com muita criatividade que só as mulheres têm. Os 10 km de marcha foram percorridos com muita vibração, entusiasmo e dinamismo, com cantorias, danças, batucadas... mulheres alegre e vibrantes.

Na parte da tarde, a presidenta Dilma Rousseff esteve na Marcha, sendo recebida com fortes aplausos pelas mulheres trabalhadoras rurais. Às participantes da chamada Marcha das Margaridas, Dilma anunciou uma medida oficializada no Diário Oficial, que reserva exclusivamente a mulheres uma parcela dos recursos do Programa de Aquisição de Alimentos, administrado pelo Ministério do Desenvolvimento Sustentável. Dilma anunciou, ainda, a criação de centros de referência em saúde para mulheres das áreas rurais e da floresta, com programas voltados à redução da mortalidade infantil e materna; um programa de vigilância de saúde para a população do campo exposta a agrotóxicos; e o lançamento de dez unidades judiciais móveis para atender a mulheres vítimas de violência doméstica. O governo, segundo a presidenta, criou um grupo interministerial para criação de creches nas áreas rurais e pretende aumentar a participação de mulheres nos conselhos de merenda escolar.

Assim, foi encerrada a 4ª Marcha das Margaridas e o retorno das delegações aos seus estados. Dessa nossa região, conseguimos marcar presença na marcha com oito mulheres dos engenhos, nos quais estamos organizando os grupos de mulheres. Para elas, foi um momento de animação e fortalecimento na luta e organização. Com certeza foi uma experiência inédita para todas as mulheres.

Marisa Ribeiro do Amaral