O acompanhamento das famílias atingidas pela Construção de uma Barragem de Contenção das Cheias é uma ação de nossa missão em Palmares. Desde abril temos marcado presença efetiva no Engenho Verde, local escolhido para a obra. Nossa contribuição aos/as atingidos/as, junto com a CPT e o Instituto Sabiá da Mata de Bonito, é na articulação e organização das famílias na luta pelos direitos, pois quando o governo do Estado foi até o local falar para a cúpula política sobre a construção da barragem, sem falar com os/as agricultores/as, consideramos um grande descaso e assumimos estar junto com o povo, mesmo sem termos muito conhecimento.
O Engenho Verde abriga uma construção histórica, a casa grande do Engenho Verde, erguida em 1841 pelo engenheiro francês Louis-Léger Vauthier, onde o escritor e dramaturgo Hermilo Borba Filho nasceu, em 1917.
A propriedade onde será construída a barragem de Serro Azul não é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas está na lista de engenhos históricos do Estado.
A maior preocupação dos/as agricultores/as é com as negociações para definir a indenização que deve ser dada a eles, já que muitos não têm registro da terra. Desde abril, vem se procurando resposta junto ao governo e nada, em agosto fomos para Recife no Ministério Agrário, o qual convocou uma Audiência de caráter informativa que aconteceu no final de Setembro, num município próximo. Mas desta audiência as pessoas atingidas pela Barragem saíram sem resposta do que vai acontecer com elas.

O único secretário presente foi Dr. João Bosco, secretário de Recursos Hídricos e Energéticos. O qual foi conciso na sua decisão, disse que: “vamos indenizar as 18 famílias do eixo da barragem em dezembro e em janeiro iremos começar a construção”, repetindo várias vezes. Afirmou ainda que “com as outras famílias vamos fazendo as negociações até 30 de abril de 2013”.
Esta proposta não agrada a população que teme em sair de suas casas expulsos pelas águas. Segundo seu Zé Ferreira, presidente da associação dos moradores, “Constrói-se o paredão e dá um pé na bunda de nós para irmos morar em baixo da lona, se der outra cheia o povo de Palmares, Água Preta e Barreiros vão pedir para fechar a barragem, e nós vamos para onde? Para debaixo da Lona Preta”.
A angústia é muito grande. Temos acompanhado a aflição deste povo é grande e a insegurança de saber para onde vão maior ainda.


Portanto, temos um grande compromisso com este povo, pois fomos nós que fomos até eles e chamamos a CPT para não deixá-los desolados diante do impacto do anuncio da construção da barragem.
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