Muitos vêm afirmando que para evangelizar é
preciso utilizar mais e melhor as ‘novas formas de comunicação’. Que hoje se
deve adotar uma metodologia e uma linguagem que estejam de acordo com os
avanços tecnológicos da sociedade. Que as novas gerações só poderão ser
atingidas e ‘tocadas’ pela mensagem evangélica se lançarmos mão adequadamente
dos i-pod e i-pad, e das redes sociais. Se de um lado isso é inegável, é
também verdade que, do outro, apostar única e exclusivamente nisso para falar
ao coração das pessoas é insuficiente. A evangelização reduzir-se-ia a uma ação
comercial publicitária hábil e palatável como se faz com uma ‘mercadoria’ para
que os fregueses a possam comprá-la a qualquer custo. No evangelho hodierno
Lucas insiste em fazer memória da prática dos primeiros seguidores itinerantes
de Jesus. Parece nos dizer que ele não está simplesmente ‘descrevendo’ o que se
deu, historicamente, mas que esta foi a metodologia utilizada por Jesus. Não
algo circunstancial, mas um modo de ser missionário e evangelizador em caráter
permanente. Uma evangelização que se dá no corpo-a-corpo, e que jamais poderá
ser esquecida ou substituída. Certamente poderá ser ladeada por linguagens e
formas criativas e inovadoras de ‘ir e estar com’ as pessoas, mas jamais poderá
deixar de ser um ‘sair de si, um ir ao encontro do outro, um cuidar e curar o
doente, e entregar a todos a paz’. Na ótica de Lucas não se trata de o
discípulo de Jesus imitar ‘as modernas testemunhas de Jeová’ ou outros
missionários de alguma igreja que, dois a dois, batem às nossas portas e
entregam panfletos religiosos.
Trata-se, ao contrário, de entrar em comunhão
com os anseios, as necessidades, os sofrimentos e as expectativas das pessoas,
adaptando-se ao seu jeito de ser e acolher, para que descubram a proximidade e
a beleza de um novo jeito de ‘ser governado’ por Deus. Parece ser a
consciência de que o jeito de governar dos homens havia fracassado redundamente
que Jesus intuiu que ‘outra realeza’ (modo de governar) estava sendo possível.
E que podia ser construída por todos. O modo de ‘cuidar’ de Deus, - que é
diametralmente oposto aos dos ‘césares da vida’ – estende e transfere
diretamente o seu poder de transformar, re-criar, e devolver esperança a todos
os que aceitarem ir dois a dois pelo mundo afora e entrar em comunhão com o
outro. Não é um modo de ser autocrático dos ‘reinos desse mundo’, que cria
dependência e submissão, mas uma ‘realeza’ que envolve todos. E lhes dá o seu
mesmo poder de ‘expulsar as forças do mal, e aliviar os sofrimentos do corpo e
da alma’. Deixando às pessoas a plena liberdade de acolher o convite e, por sua
vez, de aderir e participar da mesma missão. Sem apego às ilusórias e falsas
seguranças, nas incertezas do cotidiano, sem ameaçar com castigos e anátemas os
que não aceitarem, tod@s os seguidores anunciadores de Jesus concedem a paz a
todos. O dom final de próprio Deus que pode ser crível só se visível na
comunhão autêntica de quem a anuncia.
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