
Quando saí de Itabuna, entre os abraços e o choro da despedida uma catequista me disse “irmã aquele povo te quer sorrindo”. Quando cheguei em Palmares, em meio a poeira, entulhos pelas ruas, casas destruídas, ruína, comércio se reestruturando, as pessoas abrigadas nas tendas, enfrentando sol e chuva que alagava as tendas. As pessoas sendo mal tratadas, humilhadas, sofrendo todo o tipo de preconceito, exclusão e pressão para deixarem as tendas, bem como, sendo negado assistência básica.
Diante de tudo isso, eu pensava como vou sorri, muitas vezes chorei, porque a dor destas pessoas doía em mim. Sentia-me tão pequena diante de uma realidade tão complexa. Mas me animava quando andava com D. Cícera Silvestre, mulher simples de grande sabedoria, com Carlos Calheiros que se dedicava inteiramente para que a situação de sofrimento e dor do povo fosse amenizada. Também Geovani, Gilmário e Ivanildo da CPT, com os quais compartilhamos as experiências, pois como me disse Frei Luciano Bernardi “quem entra da CPT é sempre CPT”, então aqui me senti CPT com eles. Bem com, a Articulação Municipal de entidades (AME) que começou se reorganizar com a vinda da Irmã Lindalva, todas as entidades comprometidas com a luta de reconstrução de Palmares e região.
Assim, gostaria dizer que foi muito bom e gratificante estar aqui, acompanhar neste período o processo de reconstrução de Palmares e principalmente estar com aqueles que à sociedade denomina como “as imundices das Pedreiras”. Que sofreram e sofre todo o tipo de preconceito, humilhação, são tratados com ignorância,... Pois, os prestadores de serviços ficam dizendo que: “As mulheres das tendas são difíceis de
domar”. Quando eles vão à Caixa receberem o auxilio a gerente fica gritando com o pessoal. Parece ser um mundo que devia existir de forma invisível, porque incomoda o "mundo real" quando começa a aparecer no cotidiano da sociedade, a qual quer viver sem perceber e sem culpa... Eles somente serão notados quando ameaçarem "os homens de bem", mas - aí é que está - não para a busca coletiva de um processo que
os inclua na sociedade. Pelo contrário. Será para se discutir, isso sim, o que fazer para mantê-los afastado dos espaços do “mundo real”, dando espaço direto à insensatez social e ao descompromisso.
Diante de tudo isso, gostaria de agradecer a sensibilidade das Irs. Lenita e Rita que sentiram o apelo desta realidade, o governo geral que assumiu esta missão para sermos presença solidária junto a este povo, as províncias que assumiram juntas humanamente e financeiramente. Agradeço a todas que se fizeram presente comigo nesta missão, as irmãs que vieram aqui (Cústódia,Diva e Lindalva) as que enviaram e-mails, contribuições, orações, telefonema, sintonia e carinho, tudo isso foi muito importante. Senti-me muito responsável por estar aqui em nome da Congregação. Agradeço a paróquia Senhor do Bonfim, o Padre Alberto pelo apoio, orações e carinho. Agradeço a minha fraternidade, a Lurdes que preparou a sestinha das quinquilharias para mim, com os elementos necessários para a missão e Ir. Rosa que se dispôs vir para Itabuna. Meu especial agradecimento as Irmãs Servas da Caridade do Abrigo São Francisco de Assis, que me acolheram em sua comunidade religiosa, por mês, aqui em Palmares.
Hoje volto para Itabuna, com o coração agradecido por toda a vida que aconteceu neste tempo de graça e manifestação Divina! FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO PARA TODAS/OS!
Ir. Marisa Ribeiro do Amaral
Palmares-PE, 08 de dezembro de 2010.
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