“Se as águas do mar da vida quiserem de
afogar segura na mão de Deus e vai....”. Assim cantamos nas nossas celebrações.
O problema é ver e sentir que a ‘mão de Deus’ está estendida para nós quando o
vento e a tempestade da vida estão, de fato, querendo nos derrubar. Sabemos que
a ‘mão de Deus’ não aparece diretamente. Contudo, ela se serve das inúmeras
mãos de tantos filhos e filhas de Deus que são sensíveis e atentos a outros que
estão afogando na dor, na angústia, na doença, na depressão. A nossa canção litúrgica
nos introduz de forma significativa ao evangelho que esse domingo nos propõe. O
cenário descrito é magnífico. O barco que leva Jesus e seus discípulos para a
outra margem do lago é fortemente balançado pela violência dos ventos e das
ondas. Jesus, como bom educador que é, percebe que aquela turbulência remete ao
cotidiano dele e dos seus discípulos. O mar, afinal, para a bíblia, é um lugar
teológico, antes que geográfico. É o lugar onde o discípulo é chamado a
enfrentar a violência descontrolada do mal e das contradições da vida.
Aquele vento e aquelas ondas remetem aos
inúmeros desafios encontrados cotidianamente no serviço aos pobres e aos
doentes. Remetem ao enfrentamento duro com aqueles que boicotam o Reino da
justiça e da compaixão. Remetem, enfim, à decepção e à desilusão de tantos
‘pequenos’ que pareciam esperar em vão.Jesus percebe que muitas pessoas,
inclusive os seus, diante de tudo isso se sentem afogar, deixam de viver e
querem desistir. Podem querer abandonar, na outra margem, um barco que parece
incapaz de fazer frente aos problemas que surgem nos desafios da evangelização.
O sinal que Jesus oferece para ressegurar os discípulos nas tempestades da vida
não é um ‘milagre de ilusionismo’, mas simplesmente dá a sua palavra de que ele
definitivamente ‘venceu o mar da vida’. Ao enfrentar sem medo e ao caminhar
simbolicamente sobre as águas impetuosas sem ser engolido por elas Jesus nos
diz que todo discípulo que tem fé para segui-lo, - mesmo nas tormentas, -
jamais vai afogar e sucumbir. Ele nos garante que nos vórtices da vida sempre
irão aparecer ao nosso lado mãos estendidas que com firmeza e amabilidade nos
puxarão para fora. Que as nossas mãos sirvam para arrancar das tempestades da
vida outros irmãos que, como Pedro, querem enfrentá-las, mas às vezes não
possuem força e fé suficientes.
http://padrebombieri.blogspot.com.br/
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